Executivos C-level geralmente sentem-se solitários. Eles tendem a sentir-se assim muito mais do que gerentes, analistas, trabalhadores de chão de fábrica. Embora imaginemos como é glamoroso chegar lá, é um lugar para poucos, onde uma quantidade limitada de afeto, confiança e alegria é compartilhada. Decisões que não podem ser discutidas abertamente, mesmo as que impactam centenas, milhares de pessoas. E para piorar, a família e os amigos próximos nem sempre são as melhores pessoas para ouvir e entender o que eles estão passando.
Mas acho que isso não é nada comparado aos fundadores de start-ups. Sim, eles recebem algum apoio, especialmente com dinheiro e ferramentas. Programas de aceleração, financiamento, premiações, mentorias, treinamentos, políticas públicas e incentivos. De governos e do setor privado. Tudo para estimular o empreendedorismo e dizer "vamos lá, aqui é ótimo, nós vamos te ajudar, você vai conseguir!". É verdade que este tipo de apoio não alcança todos os empreendedores, por diferentes razões.
Mas mesmo para aqueles que têm alguma ajuda, há um aspecto negligenciado.
Nós os apoiamos apenas no crescimento. Então nós os desafiamos, sugerimos, mentoramos, colocamos dinheiro. Esperamos que eles percorram a jornada, do pre-seed até as séries A, B... Z. Todas as start-ups vão conseguir? Não, e estamos bem com isso. O modelo é claro: muitos vão falhar, alguns vão ter sucesso, muito poucos serão um grande sucesso, como um funil.
Mas em um funil de vendas, por exemplo, nós tratamos os leads não convertidos. Não deveríamos fazer o mesmo com empreendedores que ainda não tiveram sucesso? Quando simplesmente não olhamos para eles, estamos jogando muito potencial fora. Soluções que estavam quase lá, mas não conseguiram. Pessoas que investiram alguns anos de suas vidas e estão desistindo. Eles já aprenderam muito; poderiam ser empreendedores de sucesso em outros negócios. Poderiam ter um bom fit em outras equipes empreendedoras.
Minha pergunta é: como podemos apoiar os fundadores em outros momentos que não só os de escalar, crescer? Essas pessoas estão condenadas a continuar seus negócios porque estamos todos falando sobre resiliência e aconselhando que talvez pivotar mais uma vez poderia resolver o problema?
Para tentar clarificar meu ponto de vista, trouxe três histórias reais, ouvidas dos próprios founders.
Founder 1 vem construindo e testando uma solução há mais de um ano e ganhou uma competição de start-up. O prêmio é o dobro do dinheiro que ele acha necessário para lançar o produto. Um bom problema, certo? Mas ainda é um problema. E se você pensar que há dois anos ele estava em uma carreira totalmente diferente... Ele não tem ideia do que fazer primeiro. Se ele deve contratar mais um programador e uma pessoa de growth, ou dois programadores, ou se agora é hora de ter alguém para finanças etc. Ele é o CEO de uma start-up, o que significa que ele está aprendendo a ser um CEO de uma futura empresa, mas ele ainda não chegou lá. Ok, treinamento on the job, aprender enquanto faz. Sim, realmente funciona. Mas é duro. E quanto mais ferramentas ou treinamento ele recebe, mais ele sente que não vai conseguir. Porque não é sobre o que ele sabe. É sobre se e como ele acha que é capaz de fazer isso acontecer. O fundo que investiu na empresa não ajuda; eles nem respondem. Talvez eles vejam essa start-up como o dinheiro a ser perdido, talvez o prêmio tenha sido apenas mais uma ação de marca.
Founder 2 decidiu encerrar as operações. Ele está terrivelmente infeliz. Ele sabe tudo sobre fail fast, ele segue alguns gurus do empreendedorismo, ele sabe que um empreendedor com uma história de fracasso tem algo a contar etc. Mas ele foi criado em um modelo diferente. O sucesso significava tirar notas boas, chegar a uma boa universidade e não desapontar seus pares, seus pais e a si mesmo. Embora ele saiba que o fracasso não é o fim, ele não sabe como recomeçar. Todos nós entendemos, ele tem contas a pagar, pode ser uma decisão razoável desistir e voltar para ser um funcionário. Para ele pessoalmente. Mas não do ponto de vista do ecossistema. Então, se ele decidir fazer isso, precisamos que ele esteja confiante de que ele pode e deve começar um novo negócio quando quiser.
Founder 3 está tocando o negócio. Ela o iniciou e tem sido a CEO até agora. A empresa vai bem. Não tem um crescimento acelerado, mas é um negócio bom e saudável. Mas ela não quer mais fazer isso. Ela está cansada. Ela sente que outra pessoa poderia ser a CEO. Talvez ela possa ficar como conselheira. Ela está infeliz, mas precisa responder aos clientes. Ela adorava o negócio quando se tratava de projetar, programar e testar, conseguir os primeiros clientes, os primeiros objetivos alcançados. Talvez ela possa vender a empresa. Mas como? Para quem? Onde encontrar um comprador? Talvez trazer um novo parceiro? Como ela poderia encontrar essa pessoa?
Há algumas décadas, o empreendedorismo não era tão glamoroso. Era raro ver pessoas deixando seus empregos para começar um negócio. Ou um aluno pensando em MVPs, valuation, estratégias de crescimento. Agora, empreendedores de sucesso inspiram a próxima geração. Mas os 90% que falharão, se não tiverem pelo menos uma experiência razoável, não terão boas coisas a dizer. Os depoimentos negativos farão com que os potenciais novos empreendedores pensem duas vezes.
Se ficar tão difícil e solitário, muitos empreendedores podem preferir voltar ao seu antigo emprego. Não tão glamoroso, mas um território bem conhecido. Com altos e baixos, mas muito menos solitário e com algum apoio estruturado.
Em empresas estabelecidas, o talento é gerido. Se uma pessoa não está desempenhando bem, talvez seja uma questão de ajuste. Então, vamos encontrar um lugar melhor para essa pessoa. E funciona. Já vi funcionários frustrados e de baixo desempenho florescendo em um trabalho diferente dentro da mesma empresa. Acontece todos os dias.
O Founder 1 está ansioso; O Founder 2 está muito infeliz a Founder 3 está exausta.
Não há programa de aceleração, reality show, premiação ou política para ajudá-los.
Eles estão sozinhos.
Estes empreendedores podem nunca mais começar outro negócio. E eles não vão inspirar mais ninguém a fazê-lo. Eles perdem, assim como todos nós.
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