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  • Foto do escritorCintia Mano

Um dos 70 mil Web Summits



O Web Summit 2019 terminou e agora tudo começa ao voltar a normal. Já processei todos os cartões de visita recebidos, virtuais e físicos. Isso não significa que consegui responder a todo mundo de forma adequada, mas agora está tudo de alguma forma mapeado e as pendências da vida pessoal aos poucos também são resolvidas... Enfim, essa semana a vida voltou ao normal.


Muita gente já escreveu sobre o Web Summit 2019, e eu confesso que tenho uma certa má vontade com artigos que leio na imprensa, sobre como o evento é a maravilha que salvará o mundo ou o que é um evento a se perder, pois de lá nada se tira de bom.


A verdade é que aconteceram 70 mil Web Summits, pois cada um dos que lá estiveram viveu uma versão diferente desse evento tão grandioso.


Coloco aqui então um pouco da minha vivência, do meu olhar. Não foi meu primeiro WS, mas a cada edição a gente aprende um bocado mais sobre como aproveitá-lo melhor.

É um evento gigante, vou me frustrar, não vou ver 20% do que programei, mas ainda assim, vale muito a pena planejar!

Baixei o app e montei minha agenda (e acredite, isso não é fácil, pois eram mais de 1.200 palestrantes). E para ajudar há o chat, onde antes mesmo do evento começar os participantes podem fazer contato.


E isso bagunça tudo! Para o bem, claro.


Recebi mais de 100 contatos de start-ups ou investidores para agendar uma conversa. Só consegui responder até o início do evento. Depois foi impossível.


Na questão planejamento costumo seguir duas orientações:


(1) definir meus objetivos e só depois montar a agenda, escolhendo também uns poucos temas fora dos meus objetivos iniciais para relaxar e ter acesso a outros temas e


(2) deixar muito espaço livre na agenda.


Na minha visão, as palestras e entrevistas inspiram, trazem as principais discussões, abrem a mente e nos dão referências.


São 15-20 minutos de palestra, então não há muito espaço para ser profundo. O que não é necessariamente ruim.

Se for com a expectativa alinhada, algumas palestras são ótimas. Esse ano eu assisti a pouquíssimas palestras. Mas as que vi, gostei muito. Costuma ser uma seleção muito boa de palestrantes e bastante diversificada.


Uma conferência que abre com Snowden e o presidente da Huawei e encerra com o CTO da Casa Branca e a comissária da UE (União Europeia) para concorrência já mostra o pano de fundo das disputas globais pelos nossos dados – viramos mercadoria.


Decidi mal por assistir a abertura com o Edward Snowden: enfrentei uma multidão para entrar no evento, mas quando finalmente consegui, o Centre Stage já estava lotado. Assisti em um telão na parte de fora o Snowden falar rapidamente on line, da Rússia, onde está asilado. Poderia ter visto de casa.


O resto do evento eu assisti a poucas palestras, anotei referências para pesquisa posterior e ficava com aquela sensação de “estou perdendo tempo aqui, com tanta gente interessante para conhecer lá fora”.


Alguns dos meus pontos de destaque:

- Melanie Perkins, CEO da Canva: “A razão pela qual lutamos contra a insegurança é porque comparamos nossos bastidores com os momentos de destaque dos outros”.


- Margrethe Vestager, comissária da UE para concorrência: aplaudi- da algumas vezes em 15 minutos de entrevista. Falou sobre Google (“quando você procura algo no Google, na verdade o Google está procurando em você”) e lembrou-nos sobre a consciência da manipulação (“uma coisa que adoro sobre espetáculos de mágica é que você sabe que será manipulado”).  


- Michael Kratsios, CTO da Casa Branca, recebeu algumas vaias e gritos de “Snowden! Snowden!” ao acusar a China de espionagem e lembrar o papel dos Estados Unidos como os guardiães das liberdades mundo afora.


- O apoteótico encerramento com o Sr. Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Souza. Ali sobram carisma, vitalidade e domínio de palco. Muitos aplausos e gritos da plateia que, na saída, ainda tentava uma última selfie com o telão do palco principal ao fundo.


Mas há muitos outros palcos: para todos os gostos e níveis de profundidade.

  1. Workshops: aqui há mais profundidade. Uma hora e meia de conteúdo mais relacionado ao “como” e não apenas “olha que sensacional, fiz isso e aquilo”.

  2. Start-up pitches: esses sempre me frustram. Não pelas start-ups que se apresentam. Mas porque são pitches e apesar de trabalhar com pitches o tempo todo, não gosto desse modelo. Não consigo (ainda) pensar em outro melhor em termos de eficiência para o investidor. Mas em termos de eficácia… Nota mental: pensar numa alternativa aos pitches. Pensar e implementar.

  3. Start-up university: sessões de conselhos de CEOs, founders e investidores aos que estão começando sua start-up.

 São apenas alguns.


As grandes empresas também estão ali, mas não sei se aproveitam todo o potencial do Web Summit.


A maioria das grandes empresas que exibem no Web Summit, o faz apenas como ação de branding para passar aquela imagem inovadora. Soube de algumas com ações de recrutamento, mas não sei se elas interagem com start-ups. Poderiam promover desafios, ou usar estruturas parecidas como o “investor lounge” ou “investor meeting” para conhecer as start-ups.


Passei a maior parte do tempo nos stands das start-ups e nas áreas para investidores – onde acontecem encontros cheios de potencial.


As start-ups são divididas em categorias ALPHA, BETA e GROWTH, de acordo com seu estágio. Essa divisão facilita a vida dos investidores, pois alguns investem em empresas muito novas e outros preferem mais tração (que consequentemente demandam maiores investimentos).  


A cada dia elas mudam. Ou seja, uma startup não fica os 3 dias no stand, apenas um dia. São muitas (li algo sobre 2.000 start-ups, sendo quase 200 brasileiras!) e quem não conhece essa dinâmica pode ficar um pouco frustrado se deixar para visitar no dia seguinte aquela start-up que não deu tempo.  


As start-ups recebem toda sorte de visita: investidores, curiosos, consultores a oferecer serviços e outras startups em busca de parceria ou contatos. Desconfio que não recebam muitas visitas de olheiros de grandes empresas. Se eu estiver certa, é mesmo uma pena.


Para quem é investidor vale a dica de usar o “investor meeting”. Antes do evento começar você pode filtrar as startups do seu interesse (por país, setor, estágio, ticket de investimento etc.) e bloquear duas horas do seu calendário. Então na hora marcada você se dirige a essa área com diversas mesas e um staff super atencioso o coloca numa mesa que é sua por aquelas duas horas. Então as startups se revezam ali, o staff garante que cada uma só passa 15 minutos e pronto, em 2 horas você já conheceu 8 start-ups do seu interesse.

O melhor do meu Web Summit foi rever pessoas e conhecer gente nova. Gente curiosa, interessada e interessante, doida para construir junto.

Eu reencontrei amigos da época de consultoria (uma delas não via há 20 anos!), conheci pessoas do alumni do IMD, conheci muitos empreendedores e investidores de vários países e encontrei meus colegas de investimento anjo (na foto acima). Durante o Web Summit, ou em jantares, happy hours. Uma festa.


Ainda participei de uma missão de mais de 190 empresários, empreendedores e investidores brasileiros que além do evento, tinham também uma agenda intensa de visitas interessantíssimas a unicórnios, aceleradoras, organismos governamentais.


Imaginem a quantidade de jantares, cafés, chopes (ou imperial, na língua local), risadas, cartões trocados e planos futuros que aconteceram entre essas quase 200 pessoas!


E para o WS 2020 já sei que vou rever boa parte e econtrar muitos outros que ficaram de fora nessa edição, mas já garantiram que não perdem a próxima!


Até 2020, Web Summit!


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